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A mudança climática está tendo efeitos cada vez mais dramáticos, tornando os sistemas de resfriamento imprescindíveis. Mas esses sistemas têm um impacto ambiental muito alto. Existem soluções para tornar essas tecnologias mais sustentáveis.

©thibault-desplats 2023

Até 2050, a demanda por resfriamento poderá triplicar, impulsionada pela rápida urbanização e pelas mudanças climáticas. Mas essa dependência tem um alto custo ambiental, sendo responsável por 3,4% das emissões globais de CO2. As principais soluções para limitar seu impacto incluem a otimização energética, o uso de fluidos refrigerantes mais ecológicos e o dimensionamento das instalações conforme as necessidades.

Porém, antes mesmo de recorrer às tecnologias, o pragmatismo exige que se comece por reduzir a própria necessidade de ar-condicionado. É aí que entra em jogo o resfriamento passivo, baseado em soluções arquitetônicas e urbanas: materiais refletivos, como tintas e revestimentos de cores claras que refletem os raios solares de forma mais eficaz; a vegetalização dos edifícios para otimizar o isolamento e reduzir a absorção de calor; a circulação de ar otimizada para evacuá-lo de forma mais eficaz; o uso de materiais com alta inércia térmica, que restituem o frescor da noite durante o dia; e também bebedouros e fontes de água para refrescar o ar ambiente.

COP e “free-cooling”

No entanto, essas soluções têm seus limites, e não são as cidades as únicas a precisarem reduzir a temperatura. Quando um sistema de ar-condicionado ou de refrigeração é necessário, é fundamental hoje em dia melhorar sua eficiência. “O coeficiente de desempenho (COP) de nossas instalações de refrigeração deverá ser, em média, três vezes maior até 2050, para limitar o forte aumento do consumo de eletricidade e, portanto, das emissões”, explica David Hanquiez, diretor técnico UBBAK. Trata-se de uma evolução necessária, especialmente em países onde a eletricidade ainda é altamente intensiva em carbono.

Há também a possibilidade de usar o “free-cooling”, que utiliza ar externo ou água subterrânea para resfriamento sem recorrer a um ciclo termodinâmico. Essa solução é particularmente adequada para edifícios comerciais, centros de dados e edifícios industriais, por exemplo.

“Somente uma combinação de tecnologias nos permitirá reduzir nosso impacto”

Outro aspecto do problema é que os sistemas de refrigeração dependem de fluidos refrigerantes responsáveis por emissões significativas de gases de efeito estufa. Até 2030, UBBAK oferecerá 100% de seus serviços em fluidos naturais, como o CO2, a amônia e hidrocarbonetos, cujo Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potential ou GWP) é muito menor. Mas não se trata apenas de otimizar as novas instalações: “Nosso objetivo também é converter todo o nosso parque de edifícios em manutenção até 2050”, explica David Hanquiez. Um empreendimento colossal, mas imprescindível para descarbonizar o setor.

A questão da água

Por trás do desafio da energia, há outra questão: a água. As instalações térmicas são grandes consumidoras de água, principalmente por meio das torres de resfriamento. Acontece que, em algumas regiões, como no sudeste da França, as restrições de água já são severas e o estresse hídrico é uma realidade. A solução? Desenvolver sistemas de resfriamento que consumam menos água e energia. Na França, a produção de eletricidade depende amplamente da energia nuclear… que também depende da água. Um círculo vicioso que precisa ser quebrado.

A contribuição da geotermia

Não é possível produzir frio sem produzir calor. Eis o paradoxo: atualmente, o ar condicionado contribui para a criação de ilhas de calor ao rejeitar o ar quente para fora. “A geotermia permite extrair o calor do solo e devolvê-lo ao solo, em vez de ao ar”, explica David Hanquiez.

Na Europa, já há soluções que usam água subterrânea entre 7 e 12 °C para resfriar edifícios, como o complexo de escritórios Commerce 46 no bairro europeu de Bruxelas. Mas a geotermia não se limita ao frio: alguns industriais estão começando a extrair calor de vários quilômetros de profundidade para aquecer suas infraestruturas. Uma solução promissora, mas que carece de especialistas em perfuração na França e permanece limitada a certas áreas geográficas.

Em última análise, está claro que nenhuma solução isolada resolverá o problema da pegada ecológica do resfriamento. “Somente uma combinação de tecnologias nos permitirá reduzir nosso impacto”, resume David Hanquiez. Free-cooling, fluidos naturais, geotermia… Cada solução é um tijolo na construção. Mas a transição também deve ser economicamente viável. “Descarbonizar, sim, mas sem que os custos operacionais disparem”, alerta o especialista.

15/09/2025

 

Foto em destaque: Abattoir de Carentan les Marais, ©David Marmier