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Intimados a reduzir seu consumo de energia, os industriais apelam cada vez mais para a inteligência artificial. IA, IoT, dados e a nuvem estão agora no cerne de uma profunda transformação da atividade produtiva. Exemplos no setor terciário e na indústria na Alemanha.

A indústria é a atividade que mais CO₂ emite na União Europeia, perdendo apenas para o setor de transportes.

A lei europeia sobre o clima criou a obrigação legal de reduzir as emissões de CO2 na UE em pelo menos 55% até 2030. A UE também está elaborando uma nova legislação para se tornar neutra em relação ao clima até 2050. Isto significa que a indústria – o segundo maior emissor na Europa depois do transporte (24,1% das emissões, contra 25,8%) – está acuada.

Para enfrentar este desafio, alguns industriais apelaram para a inteligência artificial, uma tecnologia que, ao relacionar os dados de produção com os preços da energia, oferece múltiplas soluções para fazer economia de energia. Além disso, existem hoje soluções de software, como o Historian, que permitem armazenar dados de todos os sensores de uma fábrica ou de um edifício, sem limites e a baixo custo. Novas oportunidades que incentivam iniciativas cada vez mais numerosas.

Gerenciamento autônomo de sistemas HVAC

Por exemplo, DABBEL, uma start-up PropTech sediada em Düsseldorf (Alemanha), usa a IA para desenvolver um software autoaprendente de gerenciamento de edifícios. Baseado na nuvem, esta ferramenta se conecta e se sobrepõe aos sistemas de gerenciamento de edifícios existentes para gerar economia de energia.

Graças à IA, o software DABBEL considera fatores como a orientação do edifício e o isolamento térmico para ajustar autonomamente o funcionamento do equipamento HVAC (aquecimento, ventilação e climatização). Ao calibrar os dados a cada cinco minutos, ele reage dinamicamente às mudanças das condições externas e internas e otimiza suas decisões. Esta aplicação de modelagem preditiva pode gerar uma economia de energia de 25% a 40%.

A carteira de clientes inclui um complexo escolar em Bergneustadt, Alemanha (37% de economia de energia), uma clínica em Zurzach, Suíça (33%) e edifícios pertencentes à empresa alemã de água Gelsenwasser (23%).

Decisões continuamente adaptadas graças à autoaprendizagem

Outra solução inovadora: Kiona AI/Edge. Esta plataforma IoT com um motor de IA baseado em autoaprendizagem pode ser conectada a qualquer tipo de edifício. Ao coletar dados em tempo real, ela permite gerenciar a temperatura interna e otimizar o consumo de energia.

Acessando um banco de dados de mais de 5.500 edifícios, a plataforma adapta continuamente suas decisões, via a autoaprendizagem, dependendo das características físicas do edifício, das condições climáticas e do clima interior.

A Companhia ferroviária do estado polonês (Polskie Koleje Państwowe) otimizou assim a gestão de seu consumo de energia, particularmente para sua sede social de 16.000 m² localizada no edifício histórico da antiga direção das Ferrovias de Gdańsk.

Com uma configuração completamente diferente, a studierendenWERK, uma organização sem fins lucrativos, administrada pelo Estado, e responsável dos assuntos estudantis na Alemanha, conseguiu realizar uma economia anual de energia de 11,8% com o Kiona AI/Edge.


Um gêmeo digital para identificar a configuração ideal

Em projetos mais complexos, a IA é também uma ajuda muito útil, como constatou um dos players da indústria de laticínios encontrados ao instalar um sistema CHP (Combined Heat and Power) para produzir calor e eletricidade a partir do gás natural.

“Com a ajuda de um gêmeo digital, pudemos recomendar ao cliente a configuração ideal que reduziu o consumo de vapor – uma energia cara de produzir – em até 50%, substituindo-o por água quente produzida com a cogeração. Depois projetamos um modelo de autoaprendizagem capaz de melhorar continuamente o balanceamento de carga na CHP”, explica Jeroen Pandelaere, consultor Data Analytics da Actemium Beverage Aalter, uma empresa da VINCI Energies que também ajudou a construir a usina, realizando trabalhos elétricos, mecânicos e de automação.

Para o consultor, a IA está vocacionada para se tornar um elemento chave na transformação da indústria: “Hoje, os primeiros passos dos “early adopters” no setor industrial confirmam a confiança na IA. Mas os projetos atuais são em sua maioria modelos de aprendizagem supervisionada que não estão no centro do processo de produção. No futuro, os modelos e ferramentas de IA encontrarão lenta mas seguramente seu espaço no chão da fábrica”.

16/05/2023